segunda-feira, 28 de maio de 2007

Um milésimo de segundo...

...Quanto tempo é preciso para uma pessoa gostar de outra? Um dia, uma semana, um mês, um ano? Talvez, dez anos não seja tempo suficiente para duas pessoas se gostarem. O tempo é relativo, mas a admiração não! Você gosta ou não. E pronto. Às vezes, as pessoas dizem: "Aprendi admirá-lo". Mentida. Ninguém aprende a gostar, gosta por si só. Se de repente você 'aprende' gostar, é porque você ainda não conhecia.
Gostar é a troca de olhares, sorrisos espontâneos, ri das bobagens que outro faz e fala, ficar a noite de bate-papo e contar nossas mini-certezas. Gostar é saber tudo da sua vida em menos de 10 dias. Gostar é encarar duas horas de viagem de ônibus com ar condicionado, insuportavelmente, gelado, mesmo sabendo ficará gripado na segunda. Gostar é andar de scuna, mesmo sabendo que o mar anda virado. Gostar é rever um filme com entusiasmos, mesmo sabendo o final. Gostar é esperar até as 10 horas da noite para escutar a sua voz – e ouvir boa noite carinhoso. Gostar é economizar centavos só para passarmos o final de semana juntos.
Foram tantas coisas, em tão pouco tempo. E cheguei conclusão que nada disso teria importância se a gente não fosse dois verdadeiros amantes... Aliás, sabe quanto tempo foi preciso para gostar de você? Exatamente um milésimo de segundo.

(André Aquino)

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Perfeita tradução de André Aquino, segundo os amigos... (II)

Por Jussara Soares (*)

“Ainda é cedo, amor!”. E lá vai o André pra janela da minha casa fazer serenata na madrugada. Para os vizinhos, não era cedo, mas o André, o exagerado, tinha que gritar aos quatro ventos: “Jussara, eu te amo”, antes de ir embora e pedir ”mais uma dose” porque, afinal de contas, amor, ainda era cedo. Ainda é cedo – e sempre será – amor, para “deitarmos e rolarmos na moita” (Meu Deus, o que vão pensar! Hahaha). Para cantarmos que “todo mundo é filho de Papai Noel”, para dividirmos um guarda-chuva capenga numa chuva de verão e para telefonar a qualquer hora do dia e da noite para dizer que está com saudade. Ainda é cedo, amor, e sempre haverá tempo para mais um abraço, pra mais uma demonstração pública de afeto, para você me pedir conselhos e tomar juízo, rs. Mas isso não é tudo. Muito mais está por vir porque “Ainda é cedo, amor” e mal começamos a VIVER a vida, hehe. Gosto você um tantão, amigo!

(*) jornalista

((((((((((((Nota da Redação do Blog)))))))))))))))).

O André Aquino realmente é exagerado. Afinal, os exagerados são mais felizes! Eles vivem o agora, vivem intensamente. Não têm tempo a perder, mas tem tudo a perder porque são, simplesmente, felizes.
Te amo Jussara

Perfeita tradução de André Aquino, segundo os amigos... (I)

Por Cris Oliveira (*)

O chato é nato. Já nasce chato e é irreversível. Quando vamos a bares ou restaurantes sempre tem um garotinho - desses de cadeira para criança - chatinho. Fica batendo aquela madeira com o número da mesa na mesa, com toda a força que tem. Depois de vários olhares, os pais acabam tirando o futuro chato-grande da cadeira e ele começa a arrastar a mesma. É um chato em formação. Toda esta introdução meio chata é para chegar ao André, o grande chato, o chato-grande.É este o problema. Ele é chato. E chato contagia os outros, irrita. Atrapalha qualquer concentração. Ih, lá vem o chato.
Imagine você aquele garotinho chato e ignorante, indo até a televisão pedir para ser eleito presidente do Brasil. Sim, aquele é outro chato. E depois mudando a nossa Constituição para O Evangelho Segundo Anthony. Definitivamente, um sujeito chamado Anthony, também já é chato de registro. Imagine você o Ferreira Gullar, na porta da academia do Prêmio Nobel, chorando pelo um milhão de dólares daquela consagração monetária. Você já notou que todos os ganhadores do Nobel, além de chatos, conseguem escrever livros mais chatos ainda?
Mas voltemos ao chato-mor (do momento), o André. Ele é o chato mais companheiro que conheço. A amizade é o lema do Chato André! Sei que posso contar com ele a todos os momentos. Momentos CHATOS ou felizes.Ele é um ótimo jornalista (apesar de cobrir aquela CHATICE chamada Editoria de Economia).Admiro sua força de vontade, sinceridade e humildade. O Chato André é tão sincero e humilde que, segundo ele, não anda... desfila.Com esse `pequeno´ depoimento apresento a vocês uma nova espécie de Chato: O CHATO MAIS LEGAL QUE CONHEÇO!!!!!! MEU AMIGO ANDRÉ. Ninguém é perfeito mais no auge de sua humildade e chatice ele diria: EU SOU!

(*) Fotografo, músico e jornalista

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Do seu sempre...

O fim de semana perfeito: nublado, frio, chuva, ruas vazias. Talvez, esteja descrevendo um dia de velório. Realmente, era. Era o enterro do meu tempo de solidão. Dia 19 de maio de 2007: nascimento da nossa felicidade. Fala mansa e sorriso contagiante, não tem como não se encantar.
Tempo era um detalhe. Que chegue logo dia 26.

(André Aquino)

Cazuza, o mágico das frases

Por André Aquino

O mundo da poesia perdeu há 17 anos a irreverência, a magia e a alegria de Cazuza. Morto aos 32 anos, em 1990, vítima de doenças causadas por complicações da Aids, Cazuza ficou nas letras que escreveu e na coragem que enfrentou a doença que o matou. Mês passado (4 de abril), ele completaria 49 anos de vida. Exagerado na vida, “Caju” - como, carinhosamente, era chamado pelos amigos - não gostava do nome de batismo, Agenor Miranda de Araújo Neto, uma homenagem ao seu avô paterno. O “grilo” ao nome acabou quando descobriu que Cartola era seu xará.
Menino do Rio que amava os Beatles, Tropicália, Chico Buarque, Clarisse Lispector, Lupicínio Rodrigues, trocou cedo o lado pacato da adolescência pelo fascínio do outro lado da existência: foi ser vocalista do grupo de rock Barão Vermelho, em 1981. E mostrou a cara para o Brasil.
No início, como qualquer outra banda de rock, foi difícil. Até aparecer na vida dos jovens o produtor musical Ezequiel Neves, que levou o demo do Barão Vermelho ao então produtor artístico da gravadora Som Livre, Guto Graças Mello. Os dois convenceram o pai de Cazuza, João Araújo, presidente e dono da gravadora, de lançar o próprio filho. O talento venceu e Barão Vermelho lançou o seu primeiro disco, com o nome da própria banda.
Em seguida, eles lançaram o disco “Dois”, no qual está incluída a faixa “Pro Dia Nascer Feliz”. O sucesso nacional veio em 1984, com “Beth Balanço”, que foi composta para trilha sonora do filme de mesmo nome. Os primeiros discos, no entanto, não foram sucessos de vendas.
O “boom” na careira aconteceu no dia 15 de janeiro de 1985, quando eles se apresentaram na primeira edição do festival “Rock in Rio”, e fizeram milhares de fãs cantarem “Pro Dia Nascer Feliz”. É bom lembrar que o Brasil estava passando por um momento histórico, quando a democracia estava voltando ao País, com a eleição de Tancredo Neves, que morreu antes da posse. Mas, com seu jeito sincero, ele negou qualquer relação da letra com o momento político do País.

Cazuza destrói a imagem de
que roqueiro é alienado

Como se premeditasse que vida de poeta era curta, também 1985, Cazuza abandonou o Barão Vermelho e seguiu em carreira solo. Filho único e mimado, se sentia melhor sozinho no palco. Ele, que escreveu letra criticando a política como, por exemplo, “Brasil”, destruiu a idéia de que roqueiro é alienado. Os discos foram muitos para o pouco tempo de carreira solo: “Exagerado”, “Só Se For a Dois”, “Ideologia”, “O Tempo Não Pára” e “Burguesia”.
Na nova fase, os shows ficaram mais bem elaborados e profissionais. Mas os efeitos da doença estavam visíveis. Em 1987, Cazuza foi para Boston, nos EUA, onde ficou internado dois meses fazendo o tratamento com base do AZT (o primeiro coquetel de drogas no tratamento da Aids). Lá, ele compôs, junto com Ezequiel Neves, a música “Boas Novas”, que ele cita num trecho: “Eu vi a cara da morte e ela estava viva”.
Na sua volta ao Brasil, gravou “Ideologia”, disco que relatou a sua experiência de enfrentar a doença. Um detalhe interessante é que Cazuza foi um dos responsáveis pela vinda do AZT ao Brasil. Em 1988, Cazuza recebeu o prêmio Sharp, um dos principais premiações da época, como melhor cantor de pop-rock.
O show “Ideologia”, dirigido por Ney Matogrosso, viajou por todo o País, virou um programa na Rede Globo e foi gravado para ser transformado em disco, “Cazuza ao Vivo, o Tempo Não Pára”. Este disco vendeu quase 600 mil cópias e é o registro dos maiores sucessos de sua carreira.No seu último show, no Canecão, no Rio, se descobriu um Cazuza mais romântico, encontrando a bossa-nova na música “Faz Parte do Meu Show”.
Atualmente, esta música faz parte da trilha sonora da novela “Paraíso Tropical”, da TV Globo. Debilitado pela doença, sem esconder o que tinha, Cazuza continuou compondo e deixou muitas músicas gravadas. Letras que ficarão para sempre.

Cazuza ‘mostrou a cara’ para o Brasil

Cazuza apareceu na capa da revista “Veja” assumindo que estava com Aids. Foi um baque nacional. Era a primeira personalidade pública a assumir que estava doente. Talvez, a proximidade com a morte o tenha levado a compor compulsivamente. Em 1989, gravou o álbum duplo “Burguesia”, que viria a ser seu último registro musical.
Morreu no Rio, em 7 de julho de 1990, aos 32 anos.A sua vida curta e intensa foi digna de um roteiro de filme: “Cazuza, O Tempo Não Pára”, de Sandra Werneck (“Amores Possíveis”) e Walter Carvalho (“Janela da Alma”), lançado em 2005. Com atuação antológica de Daniel de Oliveira, o filme levou mais de três milhões de pessoas aos cinemas em todo o País.
E mais: Cazuza foi tema do livro “Só as Mães São Felizes”, lançado em 1997, pela jornalista Regina Echeverria e a mãe de Cazuza, Lucinha Araújo. A mãe do astro também criou, um ano depois de sua morte, a Sociedade Vida Cazuza, entidade que dá assistências psicológicas e sociais às crianças e adolescentes com o vírus HIV.
A vida sem Cazuza faz lembrar uma de suas declarações. “Queria ser julgado, um dia, pelo meu trabalho”. E conseguiu. Assim, João Araújo deixou de ser presidente da Som Livre para se tornar, simplesmente, o pai de Cazuza. E isso bastou para o poeta exagerado.

(21 de maio de 2007)